O CUSTO DE SER DJ NO BRASIL
Há algum tempo que preparamos esta matéria de opinião e, num momento em que o brasileiro está saindo às ruas exigindo melhorias no país visando mais qualidade de vida, acreditamos ser o momento oportuno para esta reflexão. Enquanto sabemos que se trata apenas de uma matéria de opinião e que dificilmente terá resultados práticos na vida do Dj no Brasil, sabemos que é importante existir total transparência com os nossos leitores que esperam do Cultura de Dj matérias sinceras e pertinentes.
SER DJ NO BRASIL
Uma das "reclamações" que mais ouvimos dos nossos leitores, se refere à dificuldade em ser Dj no Brasil unicamente pelo fator Custo da profissão ou hobbie. Todo e qualquer equipamento usado no Djing encontra no país uma enorme diferença de preço quando comparado com a maioria de países do globo. Alguns leitores que são Digital Djs alegam que seus equipamentos são apenas medianos e ideais para usuários intermediários porque o preço de equipamentos dessa gama aqui é equiparado aos equipamentos "top" em outros países. Sendo assim, muitos usuários não têm outra solução senão a de usar equipamentos inferiores ao seu nível técnico ou então investir em viagens ao exterior onde assumem o risco de posteriormente não ter assistência nem garantia em território brasileiro. Outros profissionais mais tradicionais sentem dificuldades por exemplo na compra de vinil pois na sua maioria apenas existe a opção de importação o que faz disparar o orçamento mensal.
O CUSTO
Achamos relevante citar uma matéria da "DJ BAN" que apesar de não ser recente, explica de forma simples a composição dos preços dos equipamentos de Dj no País. Vamos supor que estamos importando mercadoria da China (onde a maioria dos equipamentos são fabricados) em conjunto, ou seja, encomendamos um controlador, uma interface de áudio, um par de headphones e uma case. Vamos imaginar que o custo no produtor seria de US$2.600,00 (Dois Mil e Seiscentos Dólares) ou R$5.600,00 (Cinco Mil e Seiscentos Reais) aproximadamente. Segue um cálculo baseado na matéria:
PRODUTO:
Preço dos Produtos no produtor: US$ 2.600
Frete Marítimo: US$ 250,0
Seguro: 0,5%
VALOR CIF: US$ 2.870,00
IMPOSTOS:
I.I. (20%) - US$ 600,00
IPI (15%) - US$ 550,00
ICMS (18%) - US$ 950,00
PIS (1,65%) - US$ 100,00
COFINS (7,6%) - US$ 500,00
SISCOMEX - US$ 20,00
ARMAZENAGEM - US$ 100,00
DESPACHO - US$ 300,00
TRANSPORTE - US$ 100,00
RESUMO:
CUSTO DA MERCADORIA - US$ 2.600,00
CUSTO DE FRETE INTERNACIONAL - US$ 250,00
IMPOSTO E TAXAS - US$ 2720,00
CUSTOS LOCAIS - US$ 500,00
TOTAL: US$ 6.070,00 - R$13.190,00 (Aproximadamente)
REFLEXÃO
O cálculo acima descrito, é de importação direta. Se formos a considerar que compramos o produto de uma loja nacional que faz a importação de forma oficializada, temos que considerar uma outra série de fatores que entram no custo de operação das empresas, nos custos com funcionários, marketing, desenvolvimento, etc. Claro que o que isso significa é que as leis de protecionismo do país são cruéis para os Dj's no Brasil. Compreendemos que se tornaria legítima esta carga tributária apenas e só se existissem produtos semelhantes de fabricação nacional, o que como bem sabem não acontece. Não existem indústrias no Brasil dedicadas ao Digital Djing e mesmo assim não existe qualquer benefício mesmo que agora a profissão tenha sido finalmente regulamentada.
OS IMPORTADORES
Ao longo dos últimos meses, e em virtude das nossas comunicações com os importadores oficiais das principais marcas de equipamentos de Digital Djing, uma das maiores queixas dos mesmos foi precisamente de que as empresas estavam de mãos atadas. Em primeiro lugar sempre que sai um produto novo mundialmente ele demora cerca de 4 a 6 meses até que seja possível fazer a sua introdução no mercado brasileiro pela burocracia envolvida no processo. Em relação aos custos, se existe quase uma triplicação do preço ao chegar ao importador, não existe possibilidade de oferecer preços equiparados com o resto do mundo pela forte carga tributária sobre os produtos. Muitos nos referiram que não conseguem ter a capacidade para terem campanhas de marketing eficientes e promoção dos melhores produtos exatamente porque os melhores produtos chegam cá a preços fora da realidade e, com isso, o mercado paralelo (Importação direta) e mercado negro (Importação ilegal) ganhou força e prejudicou as marcas no Brasil. Uma das principais afirmações que ouvimos, diz respeito à rede de assistência técnicas dos vários fabricantes, que fique claro que se o consumidor não comprar o produto via importador ou distribuidor oficial no país, a garantia e assistência não é válida no Brasil.
A SOLUÇÃO
Pois bem, se o Cultura de Dj soubesse qual a solução com certeza estaríamos passando aos nossos leitores mas a questão não é simples de resolver. Existe a possibilidade de trazer os equipamentos do exterior, enquanto corremos o risco no caso de existir avaria (pois não teremos qualquer auxílio na rede de autorizadas), ou então temos a consciência de que temos de ter um custo elevado de equipamentos enquanto usufruímos de todos os benefícios quer da garantia quer da rede de autorizadas nacional. Fica claro que qualquer uma das opções tem seus prós e contras e que deve ser alvo de reflexão por parte do DJ. Outro alerta que deixamos se prende com produtos a preço semelhante ao do exterior em redes de vendas como o mercado livre. Tenham consciência de que existe um mercado paralelo de réplicas dos produtos com maior fluxo de vendas, caso disso são os produtos em geral da Pioneer DJ, da Native Instruments e até da Denon. É comum vermos equipamentos "semelhantes" mas que podem representar uma grande dor de cabeça após a compra. Não vamos dizer que não existem oportunidades no Mercado Livre. Queremos é deixar claro que é necessário saber de quem estamos comprando. Lembre-se que muitas vezes o próprio vendedor não sabe que está vendendo um produto "réplica" pois está fazendo importação direta da china para você. Sendo assim todo o cuidado é pouco.
CONCLUSÃO
Segundo o que pesquisamos, existe um projeto de lei que prevê que profissionais com a carteira de Dj ou Músico terão a isenção do ICMS (18%), mas como todo o projeto, não existe garantia nem certezas de que será aprovado, e se for não é sabida a data do início da sua aplicação prática. Existe a necessidade de termos consciência de que os fabricantes, importadores e as próprias lojas não podem fazer muito mais. O chamado "Preço Brasil" é sem dúvida um impeditivo para que os profissionais tenham acesso a bons equipamentos a preços justos. O que não compreendemos, é como é possível taxar de forma severa equipamentos que não possuem equivalência nacional (produção nacional). Dessa forma acabamos vendo vedado o acesso à mais recente tecnologia no Djing pela questão do custo, o que é uma pena.
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