LOPAZZ
Stefan Eichinger aka Lopazz é um nome desde sempre associado ao experimentalismo sonoro. Dotado de uma sensibilidade extraordinária, ele é capaz de tornar sons do dia a dia em melodias envolventes. Lopazz pertence ao grupo de profissionais que fornecem à música eletrônica uma visão "avant-garde" e cheia de sensações únicas. As suas produções contam com edição de um leque invejável de editoras como a Get Physical, Cocoon Records, Poker Flat e Output Recordings. Lopazz é classificado como um artista multimídia, levando para a cabine os setups mais variados enquanto oferece experiências únicas em live act.
A sua ligação com a música começou nos anos 90. Desde 1996 ele faz parte da equipe da HD800, que explora entre outros um clube de techno, 2 editoras (800achtspur e 800trak) e um estúdio de gravação. Talvez uma das características que o diferencia no mercado seja o facto dele estar envolvido na produção musical e áudio para televisão e cinema. Lopazz já produziu mais de 50 programas para televisão e documentários. Viaja frequentemente pelo mundo buscando sons para as bandas sonoras de suas produções.
Todas estas características tornaram Lopazz um pioneiro na música eletrônica. A mistura de sons orgânicos com sons eletrônicos tornam seus trabalhos únicos. Ao longo da sua carreira, conta com colaborações com/e de artistas tão variados como Xavier Nadoo, Chelonis R. Jones, Luciano, Ricardo Vilallobos, M.A.N.D.Y., Isolée, The Rapture, Product 01, Kudu, Gus Gus, Kasper Bjorne, Richard Bartz, DJ T., Jamie Jones, Maceo Plex, A Tale of Us, Clockwork, Phreek, Jordan Lieb, Gerd Janson e muitos outros.
Lopazz ao longo da sua carreira passou pela cabine de clubes como D'Edge (São Paulo), Watergate (Berlim), Weekend (Berlim), Berghain (Berlim), Tresor (Berlim), Soundwave (Vancouver), Berns (Estocolmo), Bataclan (Paris), Fabric (Londres), The Standard (Nova York), Le Bain (Nova York), Asylum (Honolulu), Monarch (São Francisco), Cocoon (Frankfurt), Gare (Porto), Pitch (Porto), Amnesia (Milão), Klubbers Day (Madrid), Rooftop (Moscovo) e muitos mais.
CDJ - Lopazz és um apaixonado pelo som e pela produção musical. Porque é que a música eletrônica se tornou importante na tua carreira?
LPZ - Quando eu era mais novo a música eletrônica era o "Rock n' Roll" para mim. Eu podia expressar-me sem me preocupar com editoras, agentes ou campanhas de marketing. Tudo era possível, sons estranhos, variações de tempo loucas e pitch selvagem: pura liberdade. Eu também gosto da ideia de fazer sets longos sem qualquer pausa. Aí és capaz de criar atmosferas especiais.
CDJ - Quais as principais diferenças que encontras entre a música produzida no passado e a produzida nos dias de hoje em termos de tecnologia?
LPZ - Quando eu comecei, eu usava um leitor de cassetes de 4 decks e um pedal de guitarra como unidade de efeitos, uma drum machine barata e microfones... Hoje com o uso de "plug-ins", computador e as fontes de dados da internet os limites desapareceram... isto não significa que a música é melhor do que a produzida nos anos 90 mas, ela apenas se tornou mais forte e automatizada. Mesmo assim, a maior parte das vezes, as pessoas limitam-se a copiar estilos e modas e não são criativas. Não estou a reclamar, tudo é possível nos dias de hoje o que é excelente, podes tocar e mixar tudo o que quiseres, é fantástico...
CDJ - Em que patamar achas que está a música eletrônica na Europa? Quais são os estilos que dominam os clubes nos dias de hoje?
LPZ - "OMG" (Meu Deus), isso é algo que deves perguntar aos produtores de música eletrônica dos Estados Unidos, hahahaha. Nós estamos aqui, fazemos, vivemos e sentimos a música eletrônica. A música eletrônica está por todo o lado seja ela boa ou má. Ela já não é uma sub-cultura, ela tornou-se "mainstream". O House continua vivo depois de tantos anos. Nós não esperávamos isto quando começamos...
CDJ - Quando te apresentas ao vivo, consideras-te um Dj ou um Produtor?
PLZ - Há alguns anos atrás eu me considerava um animador, eu atuava no palco, cantava, tocava guitarra e tudo isto em clubes! Nos dias de hoje eu me sinto cansado de vocalismos de palco regados a champanhe com muito barulho de fundo (White Noise)... Os meus sets ao vivo, são repletos de sons que fui gravando e produzindo no meu estúdio para os meus trabalhos e para outros artistas como DJ T., M.A.N.D.Y. e Cavaan. O meu computador é como um "Akai MPC" gigante. Pura e simplesmente.
CDJ - Fala um pouco sobre o equipamento que levas para um ambiente de clube.
LPZ - A maior parte do material que toco foi produzido e gravado de forma analógica nos meus estúdios. Uso o Ableton Live 9, o meu controlador Akai MPC para loops e misturo tudo através de um Mixer de Dj. Por vezes uso um sintetizador como o Korg Micro e me apaixonei pelo Ableton Push, iPad e o pelo Novation Twitch.
CDJ - Consideras o Digital Djing o futuro?
LPZ - A música e o desenvolvimento da indústria é o futuro. Iremos sempre usar equipamentos que nos inspirem. Não existem limites.
CDJ - Qual o software de Djing que preferes?
LPZ - Prefiro sempre tocar com os decks Pioneer CDJ-2000 mas também adoro usar o Serato com o Novation Twitch.
CDJ - Hoje, vemos marcas tradicionais de DJ lançarem quer controladores modulares quer controladores "all-in-one". Acreditas que o futuro do DJing passe por controladores e mapeamento midi?
LPZ - Tal como disse anteriormente, não existem limites e a Música é o futuro.
CDJ - Já produziste remixes para grandes artistas. Qual foi o tema mais desafiador de produzir?
LPZ - Bem, essa é uma pergunta difícil. O tema Rapture para a DFA não foi fácil pelo estilo Indie-Rock que apesar de eu adorar, às vezes não é fácil passar para tema de clube na linha deep. O remix do tema Black Light Smoke do Jordan Lieb que produzi junto com o DJ T. também foi desafiador em termos sonoros mas o Martin Dawson (RIP), ajudou na mistura final e tornou-se um grande sucesso.
CDJ - Fala um pouco sobre os teus projetos atuais.
LPZ - Neste momento estou produzindo muitos temas para Televisão, produzindo música para outros artistas, lançando novos trabalhos próprios, fazendo tours, relaxando e fazendo amor...
CDJ - O que podemos esperar do Lopazz no futuro?
LPZ - O mesmo de sempre: o inesperado!
CDJ - Deixa um conselho para os nossos leitores que estão começando suas carreiras como DJ.
LPZ - Acreditem em vocês, não liguem para os tops e para o sucesso. Façam música, sintam música. Mostrem Amor.
O Cultura de DJ agradece pela habitual simpatia e disponibilidade de Lopazz.
O que achou da entrevista com Lopazz?
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