Hoje abordaremos um dos assuntos talvez de maior relevância para quem leva a sua carreira a sério. O "cachet" ou os honorários que o Dj recebe para se apresentar em um evento. O Dj, não é um personagem diferente de qualquer outro profissional na sociedade atual. Por vezes, a posição do Dj é incompreendida pelo público em geral que divide suas opiniões em 2 grupos distintos: os "Cabeças de Cartaz" que recebem valores absurdos para tocar e os restantes. Existe a percepção por parte do público, que os Djs iniciantes tocam apenas por prazer (como hobbie), ou então o pagamento é convertido em consumo nos espaços. Talvez por isso mesmo, os donos de estabelecimentos que contam com um Dj no seu cardápio de entretenimento, se aproveitem e fechem contratos que em nada dignificam a profissão. Uma coisa deve ficar clara, se você se valoriza a si próprio e valoriza o seu trabalho, nunca deve pôr em análise tocar sem ser devidamente remunerado de forma financeira. Pouco ou muito, o cachet auxilia a que a classe do Dj seja levada a sério, ao mesmo tempo em que fica claro que se o Dj está a animar a casa e a manter as pessoas no espaço através da animação que proporciona, isso vai traduzir-se em maior consumo e por consequência maior lucro para os empresários.
OS VALORES
No Brasil existem várias categorias de pagamento: os Djs que estão começando carreira recebem por norma R$200 por apresentação com média de 2 horas (duração do set) nos eventos avulsos. Quando os eventos são em locais distantes do ponto de origem do Dj, todos os custos de deslocação e alojamento ficam a cargo do contratante. No caso das residências e como a duração dos sets é normalmente superior, R$300 é o valor geralmente cobrado por noite em contratos de 2 a 3 noites por semana o que neste caso totalizaria um valor mensal de R$2.400 a R$3.600. Na negociação de residências pode ser também negociado algum tipo de ajudas de custo no que concerne à deslocação e consumo no espaço. Á medida que o Dj vai ganhando notoriedade local, o valor pago aumenta progressivamente.
Quando subimos ao patamar de Djs consagrados localmente chegamos rapidamente ao valor de R$1000 por apresentação avulsa e R$800 por noite em residências. Os valores podem ainda ser superiores dependendo da quantidade de público que o Dj consegue agregar a um evento apenas pelo seu nome. Quando falamos em profissionais consagrados nacionalmente e que frequentemente se deslocam pelo país, os valores dão um salto e partem dos R$5.000 chegando a valores (virtualmente) ilimitados. Muitos dos valores absurdos que se praticam no mercado pertencem às "Celebridades". Quando falamos em celebridades, não estamos a falar de Dj's que são famosos e sim de Famosos que também são Djs (Acompanhe a nossa matéria sobre as Celebridades que Atuam como Djs). Aí, os valores podem ser "escandalosos" de tão elevados. Como exemplo o Dj Jesus Luz que cobra uma média de R$40.000 por evento. Acima desses valores temos os Djs que são conhecidos internacionalmente em que os preços cobrados são proporcionais à notoriedade do artista.
NEGOCIAÇÃO
A parte mais complicada do processo tem a ver com a negociação com o contratante. O contratante vai tentar pagar o menos possível enquanto o Dj vai tentar ganhar o mais possível. Neste assunto o importante é o "meio termo" e a coerência dos valores. As bases de referência nacional são o primeiro passo para se conseguir um valor justo para ambas as partes. Depois, é preciso contabilizar os custos com o evento, a deslocação, se o Dj precisa levar equipamentos, se a casa tem um PA que atenda à lotação prevista para o evento, etc. Vários são os fatores a ponderar. O importante seria referir que todos os custos extra do Dj e que não se refiram com o seu set, na teoria deveriam ser cobrados à parte, mas nem sempre isso acontece. De qualquer forma no final, e se pretendemos mesmo não perder o evento, devemos ser flexíveis enquanto devemos evitar a todo o custo tocar de graça. As únicas situações onde podemos tocar de graça serão eventos de solidariedade, eventos particulares pessoais, festas privadas de amigos, etc. Sempre que existir um componente comercial no evento, o cachet nunca deve ficar de fora.
Um pouco por todas as capitais do Brasil, surgiu há relativamente pouco tempo uma nova forma de negociação baseada nos tradicionais honorários da área de vendas: o profissional recebe um valor base e um percentual sobre o valor de cada entrada. Na prática este tipo de negociação nada mais é que a de obrigar o Dj a ser acima de tudo um profissional de marketing. Recebemos inclusive recentemente a minuta de um contrato em que era obrigatório que o Dj tivesse um determinado comportamento nas redes sociais na promoção do evento. Acreditamos que aqui encontramos uma "armadilha" para o Dj. Na teoria os que estão começando fazem contas às "centenas de pessoas" que vão encher o espaço mas esquecem que nenhuma garantia existe que a casa vá encher. Muitos dos que são apanhados nesse novo modelo de negócio nem ponderam o facto de que não possuem uma presença forte nas redes sociais que lhes permita de antemão garantia uma boa massa de clientes para o evento (Acompanhe a nossa matéria sobre a Importância do Facebook para os Djs).
CONCLUSÃO
Independentemente da sua posição na escala de pagamentos, o mais importante é cobrar sempre. Deixamos também um conselho que pode parecer sem importância mas que acreditem que poupa muita dor de cabeça: faça sempre um contrato e cobre 50% antecipado e 50% no final da sua atuação (na hora do evento). O facto de cobrar sempre por seu trabalho além dignificar a profissão, permite que você como profissional vá ganhando respeito no mercado. Se o seu trabalho for feito com rigor rapidamente poderá subir o valor do seu cachet e seguir a profissão como uma forma de vida.
E você? Quanto costuma cobrar por seus trabalhos como Dj?
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