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ENTREVISTA: Diego Miranda (Portugal)

Posted by pop On 11:06 AM

Dj Diego Miranda

DIEGO MIRANDA
O nome de Diego Miranda está diretamente relacionado com o próprio surgimento da forte cena e-music em Portugal. Dotado de uma carreira invejável, Diego conseguiu a tão desejada internacionalização através da produção musical com excelentes remixes e também temas originais. Nos dias de hoje, ele é um dos nomes mais reconhecidos na península ibérica. Nos eventos pelos quais já passou, destacam-se o MTV Shakedown, Creamfields, Rock in Rio, Sensation White, entre muitos outros. Em 2011 foi nomeado nos European Music Awards da MTV que lhe garantiu o passaporte para o mundo, tendo sido escolhido como um dos nomes para a famosa Tour "Ushuaia Ibiza" que correu os melhores clubes. No Brasil, sua porta de entrada foi o Green Valley que, de forma entusiasta o recebeu de braços abertos. Em termos de produção, destacam-se na sua carreira temas originais como "Tânia", "Ibiza for Dreams", "Just Fly", "Speed" e "Sunshine", temas que correram as pistas um pouco por todo o globo pelas mãos de grandes nomes da e-music mundial. Um dos seus releases mais recentes "Born Slippy" foi editado pelo selo "Kosmos" na compilação Pacha 2013. Diego Miranda é um dos poucos nomes que evoluíu seu setup para 100% digital acompanhando assim a evolução natural tecnológica no Djing.

Acompanhe agora a entrevista exclusiva de Diego Miranda para o Cultura de DJ.



ENTREVISTA

CDJ - Diego, contas já com uma vasta carreira como Dj. Diz-nos como tudo começou e quais as tuas motivações iniciais.
DM - Acredito que o meu destino já estava traçado! Ser dj, não foi aquela profissão que sempre ambicionei desde criança, mas as coisas foram acontecendo naturalmente e, quando dei por mim, já estava a exercer esta atividade. O primeiro contato que tive com a música de dança, foi através de um grande profissional e amigo Michael Ângelo, quando tinha 15 anos. Logo aí, apaixonei-me pela música e pela técnica que ele usava, mas como não podia abdicar dos estudos, acabei por tirar um curso profissional de pós produção de áudio e só depois me pude dedicar a 100% a esta profissão.

CDJ - Ao longo do teu trajeto, quais foram os estilos musicais que mais te marcaram?
DM - Não posso dizer que um estilo me tivesse marcado mais que outro, a mim o que me marca é o público ou um certo evento e não propriamente o estilo que estou a tocar na altura. Como sabes, comecei no techno e depois passei para o house, mas sempre com a preocupação de satisfazer o máximo de pessoas na pista. Tenho boas recordações da altura do techno como do house, mas para mim, tudo é música e, desde que sinta a alegria e felicidade do público, não importa o estilo.

CDJ - Como caracterizas o panorama atual da e-music e quais os estilos que consideras que serão predominantes a nível mundial nos próximos anos?
DM - Atualmente, não considero que exista um estilo predominante, mas acho que o house veio para ficar e dele surgiram várias fusões com outros estilos. Penso que o futuro passa um pouco por aí. A internet tornou-se um mundo e, por isso, os gostos e pesquisas aumentasse muito, permitindo que o mercado da dance scene se diversifica-se mais e crescesse. Há gostos para tudo e por isso também espaço para todos, o que é positivo. Há que saber estar sempre atualizado sobre as novas tendências e tentar adaptá-las ao seu próprio estilo, pelo menos é o que tento sempre fazer e tem resultado.

CDJ - És neste momento um dos poucos Dj's Portugueses que assume um setup totalmente voltado para o digital djing. Fala-nos sobre essa escolha e qual o diferencial que encontras, quando comparado com os setups mais tradicionais.
Pessoalmente, o que mais me dá gozo é tocar com pratos e sentir o vinyl. O próprio som soa diferente, a agulha é o microfone e o som é mais quente. No entanto, acho que devemos acompanhar a natural evolução das coisas e a música não foge á regra. Toco com o Traktor e gosto de tocar com o laptop para visualizar bem a wave da música. Geralmente uma música minha, toca sempre acompanhada de dois loops que meto no 3º e 4º deck, sejam eles, loops de percussão ou de efeitos, como subidas com ventos, impactos ou então acapellas. O Traktor para mim, é uma ferramenta essencial para se fazer um “set” mais criativo e dinâmico onde eu posso criar momentos, como subidas e explosões muito facilmente. Além do mais, permite-me ter os meus 8 hot cues todos marcados, o que dá muito jeito.

É muito mais prático tocar com a pen drive, mas no meu estilo de música, que é mais comercial, tenho vozes e muitas melodias e as misturas só ficam bem se forem misturadas no “BeatMix”, para quem não sabe o que é o beatmix aqui explico - é a última parte de uma música, quando saem todos os elementos melódicos e, em que a música passa a ter apenas a parte rítmica da track. Nós produtores fazemos sempre essa parte da música para ser misturada com a música seguinte num set e, assim obter a mix perfeita.

Já me aconteceu ter de tocar com pen e senti-me muito limitado, quer a nível de efeitos, onde no Traktor tenho triplas combinações que levam uma pista ao delírio, quer a nível de querer acrescentar loops e vozes. Com os cds também podes criar loops e acrescentar vozes, mas aí vais ter de te concentrar mais e, por isso ficas muito preso a estes pequenos pormenores (até para o simples facto de encontrares as músicas que queres tocar), ainda mais para mim, que não levo sets pré-concebidos. Consoante está o “crowd”, eu toco por intuição e tento ir ao encontro do que eles querem ouvir também (não deixando de impor o meu estilo sempre) e, nem sequer tens tempo de olhar e de te importar com o mais importante e que está mesmo á tua frente, o “público”! Foi o que eu senti e dai a minha preferência.

DIEGO MIRANDA @ USHUAIA TOUR - BRASIL

CDJ - Neste momento já passaste pelas cabines de grandes clubes mundiais. Qual a aceitação dos produtores e de outros DJ's face ao teu setup 100% digital?
DM - Por incrível que pareça, eu era daqueles djs que não queria largar os pratos por nada e criticava quem tocava com cds e músicas sacadas da net e etc... Depois tive de me render aos cds, porque queria passar promos que me davam e que não tinha outra forma de as tocar, senão fosse nos cds.

Mais tarde em Ibiza, fui ouvir o Richie Hawtin e o Dubfire e vi-os a mixarem com a Xone 4d e o Traktor em modo Sync... fiquei louco ao ver 4 músicas a encaixarem umas nas outras e ainda poderem disparar a música por 8 clips pela mesa, eles faziam quase um live act com a mesa... cheguei ao hotel e fui logo à net a um site de produtos electrónicos e mandei vir uma mesa igual. Desde aí, rendi-me ao digital por completo.

Luciano, Dubfire, Richie Hawtin, Deaudmau5, os portugueses Dj Vibe e Mastiksoul e muitos outros djs todos tocam 100% digital. Para mim, esse é o futuro e temos de o saber acompanhar. Quem me conhece bem, desde o tempo em que passava techno, viu-me com certeza em muitas festas a misturar com 3 pratos em simultâneo, mas hoje em dia, ser bom a misturar, já não é uma mais valia..., ainda para mais no comercial. Logo, temos de saber contornar a situação e dar o melhor ao nosso público e lhes proporcionar bons momentos. Essa, deve ser a nossa principal função, além de ir ao encontro deles, tentar educar um pouco o público, mostrando música nova e dessa forma, abrir-lhes os horizontes. Não sou daqueles que dizem que um dj deve ser um “entertainer” e que o que deve fazer é saber divertir o público... acho que também o devemos ser, mas o quanto baste! A música para mim é o mais importante o resto, vem depois por acréscimo.

CDJ - Usas o Traktor da Native Instruments como software nas tuas apresentações. O que te levou a escolher este programa face a outros disponíveis no mercado?
DM - Na minha opinião, tanto o Traktor como Serato são muito bons, por exemplo, eu na mesa Pionner DDJ-T1 toco com Traktor mas já na mesa Pionner DDJ-SX toco com o novo Serato. O novo Serato e esta nova mesa, para além de ter 64 clips de sampler que podes disparar 8x2 touch pads, tem 2 novos efeitos para se controlar também nos pads (o roll e o slicer). É brutal, aconselho a verem vídeos no youtube.
Já para não falar dos decks rotativos já com anti-estática igual ao dos pratos com vinyl, quando tocas na roda, parece que estás a tocar num prato Technics, a próxima edição dos novos cdjs nexus também já vão usufruir desta nova tecnologia.

Dj Diego Miranda

CDJ - O controlador que usas é o Pioneer DDJ -T1. O que encontraste neste equipamento que tenha sido decisivo na tua escolha?
DM - Como referi na questão anterior, uso o controlador Pionner DDJ-T1 e também uso o Pionner DDJ-SX, para complementar qualquer um dos dois, uso sempre o Pionner RMX 1000. Assim sou feliz.

CDJ - Pretendes fazer algum upgrade no teu setup em breve?
DM - Á medida que forem saindo coisas novas estou sempre em cima e se for algo que seja uma mais valia para o meu dj set vou adquirir com toda a certeza.

CDJ - Existe uma enorme polémica e diversidade de opiniões no que respeita à função "Sync" nos softwares de Djing. Qual a tua opinião acerca desta funcionalidade?
DM - É verdade, quanto a isso as opiniões dividem-se muito. Mas a meu ver, para aqueles que já são djs há muitos anos e não têm nada a provar a ninguém, acho muito bem que usem o sync. Agora, eu já estive em muitos clubs, a ouvir djs a tocar com sync e a misturarem fora de tempo, alguns em contra tempo e muitos outros a trincar... eu quando misturava em sync na mesa xone 4d, passei duas semanas a fazer grid em cinco mil músicas... chegou a uma altura em que senti falta de ter o contato com a mão no disco (lol) e quando saíu a mesa DDJ-T1, adorei o fato de poder tocar com o controlador em sync ou não, mas a maior vantagem com esta nova mesa, foi que mesmo tocando em sync, não precisas de fazer grid das músicas, como antes, se a música fugir, dás um toque para a frente e acertas como se fosse um disco ou um cdj.

Eu acho que o sync é importante e vale a pena usar, quando misturas com as músicas que tocas vários loops de outras músicas ao mesmo tempo, aí ganhas tempo para te preocupares com outras coisas importantes, como já referi. Na minha opinião, a evolução é isso mesmo! Passas a outro nível, deixas de te preocupar com o fato da música poder estar a fugir e apenas te preocupas com o som que está a sair e como estão a soar as músicas todas juntas a tocar.

Vou te dar um exemplo... lembro-me bem quando estava a tocar e o que sentia por dentro, quando levantava a pista do terceiro prato e ouvia as três músicas a bater certinho, a cortar os graves das três e alterná-los, sentia-me orgulhoso por dentro, por estar a cometer tal proeza. Mas o público que está na pista, nem sempre se apercebe, só está a sentir a música que sai. Eu, com a minha Xone 4d, quando tocava em sync fazia uma mix, punha uma das músicas em loop e depois misturava a terceira música e ficavam a tocar as três em cima certinhas e, eu não sentia nada, não era a mesma coisa. Mas para o público que apenas ouve a música na pista, não notava diferença, como já disse.

DIEGO MIRANDA FEAT. STEPHENIE COKER - CAN'T SAY GOODBYE

CDJ - Temos visto nos últimos anos vários temas produzidos por ti se destacarem no mercado. Quais as tuas prioridades neste momento: o djing ou a produção?
DM - Enquanto puder, vou sempre tentar conciliar as duas funções. Na minha opinião, uma complementa a outra. Depois de passares horas em estúdio a trabalhar, não há nada melhor mesmo, que ver e sentir o feedback do público ao vivo em relação ao tema que produziste. E, quando passas um tema teu e vês o público ter uma boa reação, é uma sensação indescritível. Por outro lado, é muito difícil viveres só da produção, infelizmente. A não ser que tenhas só hits mundiais e para além disso, envolve muito investimento. Estão sempre a sair máquinas, softwares novos e tens de estar sempre a investir para estares atualizado e conseguires fazer uma melhor produção e com mais qualidade, aí dependes um pouco do djing que te permite fazer esses investimentos. Mas adoro as duas áreas e sinto-me um privilegiado por isso, por poder fazer aquilo que mais gosto.

CDJ - Fala-nos um pouco sobre os teus projetos atuais e futuros. O que podemos esperar do Diego Miranda?
DM - Estou-me a preparar para lançar o meu álbum só de originais onde podem contar com várias vozes nacionais e internacionais de renome, como o mestre do reggae Gramps Morgan, a prestigiada cantora Tara Mcdonald (que já editou vários temas com David Guetta), a participação da grande cantora alemã Stephenie Coker e a portuguesa Ana Free. Também conto com a participação de duas cantoras brasileiras de prestigio Mc D’Queen e Ester Campos , bem como uma coprodução com o brilhante produtor brasileiro Antonio Eudi. Existem outras surpresas mas que para já não posso revelar muito mais. Entretanto, continuo a produzir e vão saindo outros temas meus de batidas mais duras para um público mais especifico, fiquem atentos ao meu site ou à minha página de Facebook.

O futuro também passa pelo desejo de uma maior internacionalização e maior reconhecimento a nível da produção. Sinto-me lisonjeado por já tocar nos melhores clubs do mundo como, o “Green Valley” no Brasil (eleito melhor club do mundo 2013, pela DJMAG) ou o “Ushuaia” em Ibiza,  mas pretendo ir a muitos mais. Já tenho uma agenda super preenchida, mas quero continuar a trabalhar e chegar cada vez mais longe. Também nunca pensei chegar onde cheguei em Portugal, se isso foi possível, porque não o mundo? Sonhar é poder e o céu é o limite. Queria também agradecer a todos os meus fãs porque sem eles, nada seria possível.

CDJ - Quais os conselhos que deixas aos nossos leitores que estão a iniciar carreira neste momento?
DM - Sonhar é poder e o céu é o limite... Continuem a trabalhar naquilo que acreditam porque mais tarde ou mais cedo "The best is yet to come".



O CULTURA DE DJ agradece a Diego Miranda pela disponibilidade em nos conceder esta entrevista.

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